terça-feira, 28 de maio de 2013

A historia do CAVEIRÃO ( 2ª Parte)

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

 
....não mais em CDC( Controle de Distúrbios Civis), mas no confronto direto ao traficante armado de fuzil e granadas de guerra. Dirigi-me ao Cb Abraão, bom dia Cabo, bom dia meu Coronel. Essa viatura aguenta tiro de fuzil, perguntei. O Cb velho olhou para mim, entre assustado e ressabiado, e, em vez de responder, perguntou , por que Chefe? ( o interessante, é que ao mesmo tempo em que falava, procurava posicionar seu corpo entre eu e as  viaturas , como a fazer instintivamente uma linha de policia defensiva, de um homem só, em clara atitude de proteção as suas antigas amigas. Tudo isso sem tirar os olhos um segundo de minha farda preta do BOPE e de minha Faca de Trincheira/  Guerreiro de Selva, que aquela época usávamos, compondo o fardamento). Fingi que não percebi.  Calma Guerreiro, continuei, é que estou precisando delas para uma Operação Policial, e necessito saber até onde elas aguentarão o tranco.
Abraão coçou o queixo, e tomando coragem perguntou, é para instrução de guerrilha com os Senhores Alunos da EsFO, Senhor? Não, é Operação real mesmo, contra a vagabundagem, companheiro. O velho Cb Abrãao , a partir daí não parou mais de falar sobre as boas e más qualidades de suas protegidas. O BRUCUTU, não, permanece aí só de amostra, nem se desloca mais. Mas o PALADINO, esse aguenta até bala de canhão, que dirá de fuzil. E continuou falando até mais não poder das qualidades do Blindado. Isso sem que eu em momento algum lhe dissesse " o quanto aquela carcaça deveria tremer , pois somente o Ten Cel Wilton sabia aonde a iria levar". Pouco falei, não que me preocupasse no momento com o cumprimento dos dispositivos de segurança de sigilo operacional, mas é que fiquei imensamente zeloso e cauteloso com o fato  de que a paixão homem/máquina, demonstrada pelo velho Cabo, pudesse interferir nos momentos futuros da ação real do emprego da especial viatura, tão querida por ele. Afinal para se constituir em um Colete a Prova de Balas Coletivo, como era parte de meu plano, ela teria que tomar muito tiro, mas  muito tiro mesmo. E os ferimentos na máquina ficariam inteiramente visíveis.( Foi exatamente o que aconteceu....)

À tarde procurei o Cel Nery, Comandante do BPChq  e real   " propietário" do PALADINO. Expliquei a ele meu intento e meus planos, isto é, UTILIZAR  MILITARMENTE A VIATURA BLINDADA  PALADINO, do BPCHq,  EM OPERAÇÕES DE POLICIA OSTENSIVA , CONTRA AS QUADRILHAS DE TRAFICANTES DE DROGAS  EM SEUS  LOCAIS DE HOMIZIO E ATUAÇÃO. O Cel Nery  não apresentou nenhuma objeção. Imediatamente hipotecou o PALADINO sob minha responsabilidade, e fez apenas duas observações , a primeira sobre o estado da VTR, afinal era um carro velho, de manutenção custosa e dificílima, e portanto inconfiável. Além disso perguntou duas vezes se eu estava convicto do ineditismo do conceito da nova modalidade e emprego da VTR que eu estava propondo, tendo em vista, até agora, a mesma haver sido projetada e  utilizada dentro de uma concepção de apoio a Operações de CDC ( Controle de Distúrbios Civis), e não em ações contra criminalidade comum, armada com arma de guerra, em terrenos de difícil acesso. Respondi que quanto a isso ficasse tranquilo, eu estava bem a cavaleiro , tendo estudado  e meditado bastante a respeito da mudança do conceito de emprego da VTR. Quanto a primeira observação, eu iria juntamente com meu Estado Maior  proceder a alguns testes com o carro.
Sai de seu Gabinete vibrando. Retornei ao Cb Abraão informei-o do decidido pelo seu Superior, ao mesmo tempo que agradeci sua participação. Ao chegar ao BOPE, me reuni com meu Estado Maior, o Sub Cmt Maj Beltrão, P/1- Ten Guimarães, P/2- Cap Meinick, P/3- Cap Moura- P/4 Cap Penteado e o Ch da Seção de Instrução Especializada, Ten Pinheiro Neto, informando-os de minha pretensão.

Como não houvesse objeções de monta, determinei imediata inspeção logística e operacional na Vtr PALADINO, sob nossa responsabilidade a partir daquele momento, e marquei sua estréia para o dia seguinte, em Operações na favelas de Vigário Geral  e Parada de Lucas, pois iríamos intervir no que estava parecendo aos órgãos de inteligencia, que antiga rivalidade estava para ressurgir entre facções criminosas daquelas áreas. Na minha cabeça estava a condicionante de utilizar o novo aliado PALADINO, segundo alguns tópicos do Principio de Economia de Forças, porquanto, se a distancia de marcha até a Zona Norte era considerável , o Teatro de Operações por outro lado era  plano em grande parte, portanto o motor da VTR não seria tão solicitado ( no fundo, já  estava  era a pensar em quando chegasse a hora de exigí-la nas subidas e descidas das  íngremes ladeiras  do Morro da Mineira e adjacências).

Passado algum tempo , os Capitães Moura e Penteado ( P/3 e P/4) trouxeram as boas/más noticias : blindagem  excelente em inspeção visual ( não havia, lógico, como sairmos dando tiro de fuzil na carcaça do PALADINO em pleno patio do BPChq- pelo menos de dia); pneus e vidros em total atitude suspeita para o fim desejado. Motor velho, extenuado e inconfíavel.

Fingi frieza. Lancei rápido olhar  de onça estafada  no relatorio e determinei não só a  manutenção da execução da Operação nas localidades de  Vigário Geral e Parada de Lucas para o dia seguinte, como exigi a inclusão do PALADINO na Ordem de Operações( OOp). Seja o que Deus quiser!!!!!!!( CONTINUA).

domingo, 26 de maio de 2013

A Policia Militar e o "Mergulhão" de Niterói

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

Em meados de 1995, durante meu Comando no 12º BPM, em, Niterói, fui procurado por uma jovem Engenheira da Prefeitura, Dra Rosane Feliciano Pinto que chefiava a Seção de Engenharia de Transito da PMN. O Prefeito era o saudoso Dr João Sampaio.

O motivo de sua visita era mostrar ao Batalhão o planejamento de um grandioso projeto para a Cidade de Niterói, na área da Engenharia de Transito, na rua Marques de Paraná e adjacências, em frente ao Hospital Antônio Pedro. Era a primeira semente da já tão esperada passagem subterrânea , a qual passaria a ser chamada carinhosamente pelo povo de " mergulhão". Em razão da magnitude da obra ( para a cidade de Niterói), seus criadores necessitavam fundamentalmente do apoio da Policia Militar, na área de Policiamento de Transito, uma vez que um complicado desvio teria que ser feito para que o canteiro de obras pudesse ser implantado o mais rápido possível no local ( em frente ao Hospital Antônio Pedro). A PMN estimava que as obras durariam cerca de 6 meses , tempo, também estimado portanto para sobrevivencia do desvio de transito.
Cabe registrar, que a época, 1995, as Policias Militares tinham exclusividade absoluta no Policiamento, e em algumas áreas de Fiscalização de Trânsito em todo o Brasil, somente vindo a perder esta competência/poder, de forma lastimável, principalmente para a Sociedade, por ocasião da implantação do novo Código de Transito Brasileiro de 1997.

Após apresentar a proposta ao meu Sub Cmt Ten Cel Wander e demais  Oficiais do Estado Maior , para que juntos a estudássemos, chegamos a conclusão da importância, conveniência e oportunidade da obra, a qual viria melhorar sensivelmente a vida de todos os niteroienses, principalmente para aqueles que eram usuários do Hospital Antônio Pedro e da Ponte Rio Niterói, a qual já nos trazia graves problemas de engarrafamento, na sua  saída pela Av Jansen de Mello, nos obrigando a lançar mão de considerável efetivo de Policiamento de Trânsito naquele Setor.

O passo seguinte foi o acionamento da nossa Companhia de Trânsito, comandada pelo Cap Medeiros, que imediatamente de posse da missão e dos planos e cartas, partiu para o objetivo com seus Sargentos especialista de trânsito. Após estudo no terreno, prepararam o primeiro esboço do desvio, conhecido hoje de todos nós, que retirava todo o transito das imediações do futuro canteiro de obras e conduzia o fluxo  iniciando, ou pela própria Av Amaral Peixoto, ou Senador Nabuco ou ainda  pela rua Cel Gomes Machado, ao Lado do Corpo de Bombeiros, cortando a Av Amaral Peixoto , passando ao lado da Biblioteca e jogando-o finalmente  na caixa da rua Dr Celestino em direção a Icaraí e demais bairros.

Isso pronto, solicitei a presença do pessoal da Prefeitura, inclusive da Dra Rosane, e durante dois dias de semana e dois dias de final de semana, monitoramos através de tabelas próprias, a medição de fluxo e caixa, bem como probabilidades de acidentes, incidentes e outro dados afins. Afinal o projeto do desvio foi  aprovado e após intensa campanha informativa feita junto  a população , entrou em vigor na prática, sob a execução e supervisão diuturna de  Oficiais e Praças da Cia de Transito do 12º BPM ( é bom que se diga que o planejamento original não contemplava a existência de nenhum semáforo, pois não podíamos perder segundos preciosos, já que o quase bloqueio do fluxo de transito da Ponte Rio Niterói se avizinhava).

Para  satisfação da população, Prefeitura e  inclusive de nós também, o fluxo de transito na Ponte Rio Niterói melhorou sensivelmente, bem como aquele em direção ao Centro, Icaraí e demais Bairros constantes daquela rota.
As obras do 'Mergulhão", as quais inclusive à época previam não só tuneis, mas também largas rampas e passarelas foram iniciadas com todo vigor. O 12º BPM prosseguiu na sua permanente faina de combater  a criminalidade e a vida continuou.......

RESULTADO:

Estamos em 2013, portanto 18 anos depois. A obra do " mergulhão" ainda rasteja pelos 1º, 2º e 3º processos. O brilhante projeto da Dra Rosane continuou lagarta, não conseguindo o prazer maior de ver o sol como borboleta. E o que é pior, o jovem desvio de transito a época, planejado pelo 12º BPM da PMERJ , o qual deveria durar 6 meses apenas, sem nenhum sinal de transito, hoje é o ancião desvio de transito com 18 anos, e com vários sinais de trânsito( em número de 5) a bloquearem, multarem e infernizarem  gerações e gerações de niteroienses.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ESTAMOS COM GRAVES PROBLEMAS NA SEGURANÇA PÚBLICA EM NITERÓI


Obs: O 12º está trabalhando como nunca, mas com 700 homens efetivos , não há como dar conta da demanda regular, violenta e   ousada da criminalidade.



Primeira página de " O FLU" de hoje( 22/5/2013):  "Niterói ganha mais 680 Policiais para patrulhamento da Cidade".

O que vemos no entanto como noticia real no interior do Jornal é :


 1).100 Policiais - ( Patrulhamento e incursões EVENTUAIS do BPChq, ou seja , até que problemas de CDC ( Controle de Disturbios Civis) ou ações criminosas violentas no Municipio do Rio de Janeiro, levem  a "Tropa de Reforço" de volta para lá);


2). 200 Policiais- ( Recrutas a SE FORMAREM no CFAP, muito bom, muito bom não, ótimo.  Apenas há que se considerar que esses " bolas de ferro " vindo em Junho, só estão ECD ( Em Condições De) daqui há alguns meses, após absorverem a experiência dos mais antigos;


3). 180 Policiais-RAS ( Bico oficial, nada contra, muito pelo contrário, defendo ativamente o projeto, mas o conceito sempre será o de recobrimento, e não efetivo, o de complemento e não o principal, ou seja, estão novamente tomando o Contingente pelo Conteúdo);


4). 200 Policiais-PROEIS ( Bico Oficial- idem);


 :. 680 Policiais de "reforço" total.

Ainda se anuncia como  efetivo de segurança a mais:


5).100 Policiais- ( Policiais Civis, QUANDO for  construída a nova Delegacia de Homicídios em Niterói).

Portanto, o título desta postagem poderia ser:  CONTINUAM NOS TRATANDO COMO ALIENADOS MENTAIS, ou,   É INACREDITÁVEL COMO NITERÓI TEM SIDO TRATADA  COM DESPREZO ABSOLUTO NA ÁREA DA SEGURANÇA PÚBLICA, ou,          ESTAMOS A MERCÊ  DA VAGABUNDAGEM, ou, O EFETIVO DO 12 º BPM É O MAIS BAIXO DOS ÚLTIMOS 38 anos, ou, EXISTE UMA DIFERENÇA TÉCNICA BÁSICA  ENTRE APOIO E REFORÇO, OU PELO MENOS HIPOTECA DE EFETIVOS  ou, ou, ou...........etc,etc,etc......

Porém, por questões de princípios , e criação/formação, a próxima postagem a respeito do assunto, como cidadão niteroiense será:

FAVOR RESPEITAR OS HUMILDES CIDADÃOS DE NITERÓI.

terça-feira, 21 de maio de 2013

VIVA A PM!!!!!!!!


A humildade é ação cimentadora da argamassa formadora das grandes Instituições.

 Boa a noticia, aliás muito boa, a respeito da decisão da PM em resgatar o antigo hábito de  realizar a formação regionalizada/ descentralizada.

A PM do antigo Estado do Rio de Janeiro usava este recurso, com muito sucesso aliás. É claro que uma das principais justificativas era a maior dimensão geográfica do Estado, que obrigava a descentralização de medidas administrativas e operacionais.  Em razão disso inclusive , utilizava muito bem, a aplicação do Oficial ORU ( Oficial de Recrutamento de Unidade) . Era também alternativa muito eficiente.

Veio a Fusão, e o cacoete de pensar e agir no sentido de que o Estado do Rio de Janeiro para efeito de administração e distribuição de recursos era apenas o antigo Estado da Guanabara, se enraizou com rapidez e profundidade, inclusive nas Policias. O sistema de recrutamento e formação regionalizados/ descentralizados foi sepultado. No 1º Comando do Sr Cel PM Nazareth Cerqueira , algumas experiências tímidas foram realizadas, mas não atenderam as necessidades crescentes de aumento de efetivo.

No final do 2º Comando do mesmo Oficial, no 2º semestre de 1994, assessorava eu, o Sr Cel PM Granja, na DGEI ( Diretoria Geral de Ensino e Instrução) quando recebemos ordem de planejarmos uma inclusão de Recrutas, pautada totalmente no Recrutamento e Formação regionalizados/ descentralizados. Vibrei, era  totalmente a favor e defensor de tais mecanismos. O final do ano e consequentemente do período do Comando Geral estava a terminar, e a solução do Escalão Superior a respeito de nosso planejamento não vinha. Eis que faltando pouquíssimos  dias para terminar Dezembro, um pacote de documentos retornou a DGEI, entre eles o tal planejamento de inclusão de Recrutas. Li e reparei imediatamente que não havia sido analisado e nem decidido, principalmente com respeito aos locais de implantação das Companhias Escolas ( hoje Companhias Pedagógicas). O Cel Granja havia sido dispensado naqueles dias, pois havia passado para inatividade. O Sub Diretor, o Ten Cel Tavares me deu carta branca para decidir. Senti que a PM não poderia desperdiçar aquela oportunidade. Terminei o documento, listando as OPM que em meu entender teriam estrutura para promover tanto o Recrutamento como a Formação regionalizados/ descentralizados, e conclui, estimando o efetivo a cursar em cada uma. Claro que não poderia esquecer de Niterói e do 12º BPM. Cravei 250 Recrutas, um tanto aleatoriamente para aquele Batalhão. Mal sabia eu que, alguns dias depois, já na nova Administração,  receberia o honroso convite do novo  Cmt Geral, Sr Cel PM Dorasil, de comandar o Batalhão de minha terra, o 12ºBPM.  E muito menos poderia supor, que aquele antigo planejamento da DGEI, na íntegra, fora aceito pelo novo Escalão Superior.  Resultado, em meados de Junho de 1995, recebo, com euforia, ordem em BOL da PM, para montar em prazo recorde, uma Cia Escola local, com a finalidade de receber e formar 250 Recrutas, de acordo  com as Diretrizes da DGEI. O destino é um problema.....( eram os mesmos 250 Recrutas, em números , que eu havia inserido no planejamento global da DGEI, no final de 1994).

Encerrando, gostaria de registrar mais uma vez meus parabéns a PM em mudar seus conceitos,e entender que o CFAP havia atingido, já há muito, seu grau máximo de capacidade de formação com eficiência. Que o recrutamento e a formação regionalizados/descentralizados, foram, são, e sempre serão, institucionalmente, coisas boas para a PM e para a Sociedade. Que, em 1975, portanto há 38 anos, foi feita uma fusão entre os dois Estados, a principio irreversível. Criando-se um novo e ÚNICO Estado, portanto  para efeito de planejamentos, políticas públicas de segurança e distribuição de recursos, há que se pensar sempre, não mais na Guanabara, não mais no antigo Estado do Rio de Janeiro, e sim no novo e ÚNICO Estado do Rio de Janeiro.
Que venha o Recrutamento Regionalizado, que venha a Formação Descentralizada, VIVA A PMERJ!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A historia do CAVEIRÃO ( Primeira Parte)

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES


. Como a ideia se cristalizou.

  No ano de 1992, após renhida luta por classificação no CSPM/91(Curso Superior de Policia Militar), quando a ESPM ( Escola Superior de Policia Militar, bastião da essência didática e doutrinaria do Coronelato), ainda existia, isto é, não havia  sido vendida para tornar-se pátio de estacionamento de velhos containers, recebi e cumpri, exaustiva e vitoriosa missão como Oficial de Planejamento da PM, no evento conhecido como RIO/ECO 92 ( Nossa equipe, para o cumprimento de todas as tarefas havia sido constituída pelo Sd PM Washington, datilógrafo e motorista, Maj PM Nogueira , assessor para assuntos de tudo e eu, Ten Cel PM Wilton) . Ficamos subordinados para efeito administrativo e operacional ao Chefe do EMG, Cel PM Jorge da Silva e  acredito que meu "Estado Menor" deu conta do recado, pois a participação da PMERJ foi elogiada em todo o mundo e por todos os segmentos nacionais. Ao término,  resolvi usufruir de atrasadas e merecidas férias, até mesmo porque, à época, o patrulhamento ideológico já existia, e este Oficial, mesmo tendo tido, por pura sorte, a gloria de concluir o CSPM em primeiro lugar, no mês de Dezembro do ano anterior (1991), já estávamos em Junho de 1992 , e nada de  concederem função compatível para o Ten Cel PM Wilton.
Tais férias porém, não duraram muito. Nova missão, urgente, recebi direto do Ch EMG( Chefe do Estado Maior Geral ), Cel PM Jorge da Silva. Eu deveria assumir o Comando do BOPE( Batalhão de Operações Policiais Especiais) imediatamente. O assunto seguinte, por parte dele, foi um alerta que a UOpE estava passando por momentos de grande tensão, tendo em vista choques  de opiniões entre os Oficiais que compunham o Comando da Unidade. Cocei a cabeça...., afinal de contas, conhecia bem as particularidades daquela casa, tendo em vista  ter tido a honra de, graças a convite do meu amigo Cel Amêndola, haver participado do processo de criação e de sua consolidação, através dos variados Cursos de Operações Especiais( COESP ). Participei de vários momentos ao longo de suas denominações, Nu/COE, COE, CIOE e agora BOPE. Imediatamente intui que a "chapa" deveria estar bem aquecida  no Sepulcro Mor da Caveira. Superado o primeiro e rápido momento de emoção, agradeci ao Sr Chefe do EMG pela distinção e confiança depositada em mim, e dissimulando que não havia percebido o enfático tom quase gutural do termo " assumir imediatamente", perguntei ao Chefe, quando eu deveria assumir o Comando. A resposta foi seca, e dirigida olhando diretamente nos meus olhos: HOJE. Olhei o relógio e ele marcava 20 horas. Pedi permissão para me retirar. Acionei algumas ligações da ante-sala da Chefia ( nesta época telefone celular ainda era um sonho), e exatamente a meia noite daquele mesmo  frio e chuvoso dia, prenhe de trovões e relâmpagos, do mês de junho, assumia eu o Comando do BOPE ( Batalhão de Operações Policias Especiais).

O moral da Tropa naqueles dias estava abalado, tendo em vista, que semana antes, um valoroso e muito querido Sargento do Batalhão, havia sido morto com tiros  na cabeça, saídos, a principio, do fuzil do traficante  conhecido como Zé Aipim, no alto do Morro da Mineira, por ocasião de operação de rotina. O que fazer? É simples, caçar Zé Aipim e sua quadrilha imediatamente. Foi o que fizemos. Subimos o morro na madrugada seguinte. Tiro, muito tiro, fuzil, muito fuzil, granada muita granada. A "contenção" dos criminosos, já naquela época, estava sendo feita de forma extremamente técnica e eficaz. O domínio de pontos a cavaleiro, com boa/ótima visibilidade e o uso vulgarizado de armamento de tiro longo, com munição de alta velocidade e destruição, intermitente  e/ou rajadas, além do uso indiscriminado de granadas, impediam nossa progressão com a velocidade e massa que eu desejava e estava a exigir de meus homens.
 Conseguimos dominar o terreno, somente já ao amanhecer. Tínhamos o controle total sobre a Praça é nossa, Praça é sua, Largo do Campo, Torres, Ponte do Zinco, etc... Mas já sem a presença daqueles que queríamos subjugar. Naquela manhã, após minuciosa varredura no local dominado, outra coisa também me surpreendeu muito , qual seja a quantidade de munição, materializada pelos estojos( cartuchos vazios) espalhados pelo chão, utilizada pelos traficantes, e que  cobria os vários pontos do Morro da Mineira, agora dominado por nós. Infinidade de munição de guerra, centenas, milhares de estojos , saídos de infinidade de armas de guerra. Armas e munições fabricadas no mundo inteiro, inclusive Brasil, para imobilizar, ferir e matar Exércitos e não Policias. Alguma coisa tinha que estar errado.....

No dia seguinte, ao circular pelo Patio do histórico Regimento Caetano de Farias ( BPChq ), era lá a sede do BOPE, deparei-me com um quadro surreal. O antigo Cb Abraão, com uma coleção de ferramentas também antigas, flanelas gastas, e muita disposição e tolerância a espessa  nuvem de fumaça que o envolvia, consertava, conservava e polia os também antigos e  gastos heróis dos CDC (Controle de Distúrbios Civis) de outras épocas. O PALADINO e o BRUCUTU. Minha cabeça ferveu. Era isso que eu precisava, era isso que eu queria: Uma Viatura Blindada, que transportasse um GC ( Grupo de Combate- 9 a 10 homens), morro acima, como um cabrito montes/ ariete, e ao mesmo tempo um colete à prova de balas coletivo, e que após o desembarque , realizasse o sonho tático de todo infante, vir de cima para baixo, com toda potencia de fogo, à cavaleiro sobre o inimigo ( desse pensamento nasceu o conceito básico/primário da existência e do emprego do CAVEIRÃO como ferramenta de trabalho eficiente e legal, das Forças de Segurança do Estado do Rio de Janeiro contra os encastelados e armados com armas de guerra, traficantes de droga de  nosso Estado).

Sempre li muito a respeito do emprego de Carros de Combate, Viaturas Blindadas e Viaturas Blindadas de Transporte de Tropa (VBTT), ou Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal VBTP) tanto em títulos da 1ª como da 2º Guerra Mundial. Tive também oportunidade  de fazer parte de Patrulhas Integradas, com efetivos mesclados compondo Guarnições de VBTP do Exercito Americano, por ocasião de minha experiência/missão em São Domingos, República Dominicana.

Senti que minha cabeça estava longe demais. Pigarreei, voltei a calma, ajeitei o Bico de Pato e resolvi abordar o Cb Abrãao a respeito de minhas ideias sobre emprego de Viaturas Blindadas, não mais em CDC, mas no confronto direto ao traficante armado de fuzil e granadas....... ( CONTINUA)

domingo, 19 de maio de 2013

Segurança Pública/Selva/Defesa Institucional da PMERJ.

Espaço criado para recordar momentos na vida de um policial, neste caso teremos o " Escaninho de Recordações".
Destaque para a manutenção permanente do fator Selva e sua proteção, bem como também, artigos sobre Segurança Pública e Defesa Institucional de  uma de nossa mais importantes instituições brasileiras, as Policias Militares, particularmente a PMERJ.
 
Obs- Sou radicalmente contra a demolição/ venda  do Quartel General da PMERJ, ou outro qq  patrimônio seu, sem que haja competente justificativa administrativa, técnica, tática ou estratégica.