domingo, 30 de julho de 2017

O efeito "chinelada na barata" e o estudo da mancha criminal.

O efeito "Chinelada na Barata".

Quando uma dona de casa aplica uma chinelada em uma infestação de baratas,  que localizou em sua cozinha, às vezes mata duas ou três. O que acontece com as outras ??
Desaparecem correndo,  para  onde ? Para a varanda, quintal, quartos, banheiro, etc.
Em razão dessa diáspora, deixam de ser baratas?
Alguém já viu uma ou mais baratas se transformarem em beija-flores? Em Joaninhas ?
Alguém já viu uma ou mais baratas, entrarem nas filas da Secretaria de Trabalho para tirarem Carteiras de Trabalho,  e começarem outra profissão, ganhando um salario mínimo por mês, por exemplo. Não,  não deixam de ser baratas e nem de trabalharem como baratas.

Pois é , é exatamente assim que acontece com os traficantes de drogas quando são submetidos às pressões das ações policiais., ou seja, uma delas  o efeito UPP. Não deixam de ser traficantes  e nem de traficar drogas.
O que surpreende , é que todos nós estudamos a fundo em nossa PM ,  a formação , características, condicionantes cientificas, georeferenciamento, controle, deslocamentos,  etc, da famosa mancha criminal.
E nem assim conseguimos evitar que tal fenômeno, alicerçado e robustecido pela volúpia eleitoral de alguns, chegasse ao ponto que chegou. A interferência politica em nossa PM, que antes provocava apenas dissabores e injustiças , nos últimos tempos passou a provocar  mortes em série de PM.

Isso vem acontecendo nos últimos 10 anos  em nosso  Estado.

A concentração de 25 % de todo o efetivo da PM em ocupação de determinados bolsões de criminalidade violenta , situados em algumas  áreas do Município do Rio de Janeiro, sem que um planejamento global acompanhasse  as necessidades  das UOp Ordinárias,  limítrofes ou interioranas,  em efetivos e meios, fez com que as "baratas", a principio migrassem aos borbotões para as áreas  da Grande Niterói ( Niterói, São Gonçalo, Maricá,Itaboraí), Região dos Lagos, Baixada Fluminense do ERJ e , Zona Norte e Zona Oeste do RJ.
A principio, tudo bem, - finalmente teria chegado a celestial pacificação pela presença maciça dos homens de azul. Pelo menos em algumas áreas, exatamente o mesmo efeito dos saudosos  GPAES, criados nos anos de 2000, sendo o Projeto Piloto com muito sucesso na mídia,  implantado justamente nos Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, em Setembro daquele ano.

Mas,  a partir daí,  o fenômeno da complexa roda  do controle da criminalidade,  com todas as suas variáveis, sempre começa a atuar, senão vejamos:

As baratas / traficantes,  aos se espalharem por todo nosso ERJ com suas armas de guerra e seus produtos da morte, descobriram que  por onde chegavam,  sempre havia um ótimo mercado consumidor de droga, ou seja, na Baixada , Niterói, São Gonçalo,  Interior, muita gente também cheirava, fumava e se injetava. Estava globalizada a droga e o fuzil por todos nosso Estado. Abre-se a porta do inferno para o interior de nosso Estado do Rio de Janeiro.

Mas continuava o posicionamento geral.  Bem,  mas pelo menos nas áreas da Capital, ocupadas pelas UPP, reina a paz.

Ocorre que o principio básico de qualquer  ocupação militar/ policial, é encher um determinado espaço geográfico de Militar /Policia. Pronto , afastou o criminoso e inibiu o crime.
Taticamente ocupam-se se os pontos críticos, quais sejam, os acidentes do terreno  a cavaleiro, os das antigas bocas de fumo, as rotas de saída e chegada, estabelece-se uma rota de suprimentos guardada  e segura, guarnece-se os pontos periféricos, etc. Para isso há necessidade de se ter uma quantidade X de homens , 24 horas por dia. Como as UPP, a exemplo de toda PM perdem efetivo diariamente, sem reposição, um planejamento inicial , feito para se cobrir 30 pontos estratégicos inicialmente , com o passar do tempo,  o efetivo só dá para cobrir 20, ou menos., e cada vez menos.

A barata / traficante,  que havia fugido para o Interior, Baixada, e outros locais, toma conhecimento que parte de seu antigo território tornou  a ficar  desguarnecido, e volta,  ocupando os outros 10 ou mais  pontos estratégicos que a UPP não mais conseguia cobrir.  Pronto,  restabelece-se o domínio territorial criminoso e volta a morrer PM, e volta a vender sua droga. Mas ele deixou porem no Interior, o seu preposto, cuidando  de suas bocas recém implantadas e muito rendosas.

Enfim, Volta a não mais ter paz  na Capital, onde se havia concentrado  por vários anos todos os recursos da PMERJ, e nem mais ter paz no Interior, para onde se mandaram os bandidos em magotes, e retiraram os Policiais.

Afinal, a Politica de Segurança adotada, conseguiu  implantar o terror, gradativamente, em cada e qualquer centímetro quadrado de território de nosso Estado.

Mas, apenas para ratificar,   a outra consequência, é que a antiga migração atropelada,   torna-se  com o tempo  uma expansão regular, como se franquias ou filiais  do trafico fossem. A droga obedece às lei do mercado. Se tem  procura,  tem oferta. E assim conseguiu-se espalhar bandidos armados com  armas de guerra , e o comercio violento de drogas, em todo território  do Estado do Rio de Janeiro, nos últimos 10 anos.( Quando há 10 anos ,  se ouviria falar em apreensão de 10 ou mais  Fuzis de Guerra em Cabo Frio ? Em troca de tiros entre facções  criminosas em Barra de São João ?. Em domínio  territorial de criminosos armados  de fuzis em Macaé, Angra dos Reis e Rio das Ostras, entre tantos outros?

E para terminar, aplicou-se a mais perversa Equação na área do combate a criminalidade que se tem noticia, isto é aumentou-se exponencialmente a quantidade de bandidos com as seguidas "chineladas", e reduziu-se -se ano após   ano ,  até chegar-se a menos da metade do efetivo que tinham há  dez anos, os Equipamentos policiais , Batalhões, Delegacias, elementos de recobrimento, reforços pelas atividades meio , etc,  responsáveis pelas  áreas da Baixada, Niterói, São Gonçalo, Zona Norte,  Oeste, etc.

Ou seja, mais bandido , menos Policia.

Apenas para meditar, a PM em 208 anos ( 1809-2017 ), implantou 42 Batalhões Ordinários.
Em seis anos, (2000-2006), implantou 14 GPAE.

Enquanto que,  em seis anos ( 2008-2014), implantou 40 UPP.

O gigantismo na saúde , mata o ser humanos doente, na iniciativa privada leva o empreendimento a falência, enquanto que na Administração Pública de Segurança ,  leva à morte de seus  Policiais Militares.

O gigantismos inconsequente concentrado em um só lugar,  tratando os outros espaços geográficos e Órgãos à  volta com desnutrição quase absoluta, espalha  bandidos armados de fuzis por todo um Estado da Federação. Foi o que aconteceu.

Ainda há solução?? Há . Puxar o freio de mão, parar, reorganizar, consolidar, emassar efetivo, e avançar novamente. Nada que o emprego do velho método do ESAON não resolva. Retornar ao TO, mais forte, mais profissional, mais inteligente, sem interferência politico partidária. com fins eleitoreiros. Colocando o PM em seu devido lugar de destaque e reconhecimento . Ele é um Herói.

OPERAÇÃO P13 NELES !!!!!!

OBS: Se atingiu-se tal calamitosa situação por inexperiência,  incompetência, arrogância , vaidade profissional excessiva, falta de preparo para o exercício das funções, é uma coisa, mas se houve dolo, intencionalidade oculta,
  ai a coisa é  seríiiiiissima !!!!


Viva a  PPPPPMMM !!!!!!!!!

5 comentários:

  1. Excelente texto, apenas acrescento que não é apenas o tráfico de drogas que define a "barata".
    Pois é apenas uma das atividades quadrilhas, que se diversificam em roubo de cargas, achaques a cidadãos, venda de "segurança obrigatória" a comerciantes ou camelôs, sequestros, percentual em jogos ilegais "obrigatórios", e etc...

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    1. É um dos ângulos da questão caro LeoJandre. Ocorre que, o crime que realmente profissionalizou as quadrilhas, tornando-as organizadas, unidas, com tarefas definidas e cadeia de comando, e vivendo do crime 24 horas, foi a árvore-mãe denominada comércio de drogas. Daí sua importância principal em qq estudo sobre a criminalidade no ERJ. Grande abraço.

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  2. CARO COMANDANTE CORONEL PMERJ WILTON,
    LAPIDAR ARTIGO TÉCNICO PROFISSIONAL.TÃO CRISTALINO QUE DEVERIA SER TRANSFORMADA EM DIRETIZ DE OPERAÇÕES OU NOTA DE INSTRUÇÃO, EU QUE SERVI NO INTERIOR, NAS UNIDADES 12º BPM(1987),CPI( 1987/88), 7º BPM(1990- P/3), 6ª CIPM - 1995- CMT -ATUAL 35º BPM), SEI BEM DO QUE O COMANDANTE ESTÁ FALANDO.
    SAUDAÇÕES
    PAULO FONTES TENENTE CORONEL PMERJ RR

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    1. Obrigado caro amigo Ten Cel Fontes. Que consigamos nos unir para reverter tal calamitosa situação. Uma coisa tenho certeza, com policiamento burocrático, em horário comercial, não conseguiremos.

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  3. hj é notorio o qto o caos se espalhou - pena q nunca se aprende com os proprios erros

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