domingo, 26 de abril de 2015

Recordar é viver. Viva o BOPE !!! Viva a PM !!!!

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

Obs- Contarei essa historia ( a origem do BOPE ) com mais vagar. Por enquanto segue  abaixo um pequeno reluzir de glória, tendo como pano de fundo o Território Sagrado de Ribeirão das Lages.



Alguns dos fundadores da essência da legitima CAVEIRA. Gênesis pura. Sellvvaaa !!!!
O BOPE VENCEU TUDO, ATÉ MESMO O TEMPO.
‪#‎TodoDia‬
‪#‎Força‬ ‪#‎Honra‬
Pioneiros, NuCOE todos só chegaram depois deles!
HURRAAAAAAA!
Caveiraaaaaa!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Fator Selva sempre presente, o paraiso Brasil não tem limite.

Escaninho de Recordações

PAULICEIA NÃO DESVAIRADA ( 2ª Narrativa)

Tenho a honra de pertencer a um Grupo de Pescaria , o qual tem como GLP ( Grande Líder Pescador) o companheiro Afonso Celso Hertal,  do querido Município de Bom Jardim, no Estado do Rio de Janeiro. Tendo em vista anterior artigo publicado em meu blog, denominado Meu inesquecível Jaú, onde conto aventuras do Pantanal,  fui designado pelo GLP, e por outro Decano do grupo, nosso amigo Sergio, como o EMP ( Escrivão Mor das Pescarias), o que aceitei com muito orgulho. " Missão dada , missão cumprida ".

Desta forma, numerei o "Meu inesquecível Jaú", como primeira narrativa sobre pescarias e a que segue, "Pauliceia não desvairada",  como a segunda, e assim sucessivamente, enquanto nosso bondoso Deus, Senhor dos Rios, Lagoas, Baias  e Mares,  assim o permitir.
 
O destino escolhido pelo Grupo dessa vez, em busca de numerosos Tucunarés e Dourados,  foi a Cidade de Pauliceia.
 
 
 
 
Pauliceia é um Município situado no Oeste do Estado de São Paulo e  dista  667 km da Capital. Sua população em 2010 era 6.342 habitantes. Seu povo é tranquilo e dedicado ao duro trabalho da terra. Os primeiros habitantes, longes do desvairo, conforme o titulo da matéria, mas sim, com o pé firme no solo, construíram a simpática Cidade sobre as barrancas do lendário Rio Paraná, o qual atua como divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. O Rio Paraná, o "Paranazão", é o 2º maior rio Sul-Americano e o 7º maior do mundo. Nasce da confluência dos Rios Grande e Paranaíba, entre os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Matogrosso do Sul. Após percorrer 4880  Km, desemboca no Estuário do Prata, entre os Países da Argentina e Uruguai.   A região dispõe de belas paisagens e excelentes locais para a pesca, principalmente, como já dito,  dos ambicionados Tucunarés e Dourados, sendo esta a razão de nosso relato.
 
 
 
 
Partimos em uma fria e chuvosa madrugada do dia 12 de Outubro de 2014, com companheiros vindo de Bom Jardim, Friburgo e Niterói. Após 18 horas de agradável viagem rodoviária, em um confortável ônibus da Viação Estrela Turismo, pilotado pelos competentes  profissionais Aquino e Cristiano  chegamos a aprazível Cidade de Pauliceia.
 A equipe  era composta pelas imbatíveis duplas de pescadores:  Sergio e Renato, Guilherme e Ronaldo,  Jorginho e seu irmão Hélio, Renato II e seu filho David, Vinicius e Valtinho, João Batista e Paulo, e Afonso e eu, Wilton.
 
Ficamos hospedados na  excelente Pousada do Sol, situada à beira do Rio Paraná, o qual juntamente com o Rio Verde e as várias Lagoas limítrofes, tais como, da Salvação, da Ponte, Preta e do Rio Verde, passaram a ser o território esquadrinhado por todos os pescadores de nossa equipe até o final da nossa vitoriosa missão.
 
 
Chegamos na pousada já no final  da tarde do dia 13. Distribuição de quartos, banho, jantar, preparação da tralha, contação das primeiras mentiras de praxe, tomaram o resto do tempo útil.
 
 
Dia seguinte, 14, após reparador café, todos prontos em seus barcos , já com apoio de seus  piloteiros.
 
 
Material recomendado e selecionado  era o categoria leve: Linha 0,30; Molinete BG 15; Carretilha Shimano 51, etc...Havia a nossa disposição diariamente uma quota de lambari vivo. Muitos preferiram pescar com isca artificial. Eu e Afonso utilizamos as duas. Depois soubemos que tinha gente usando linha 0,60. Não, dá.....e não deu, até que trocassem.
 
Nas preliminares, por informações e rápida constatação,  vimos que a pescaria de Dourado não seria coroada de êxito e decidimos investir no Imperador do Rio. Sim, se o Dourado é o Rei, o Tucuna é o Imperador. E um Imperador extremamente guerreiro, basta ver a agressividade com que atacou a isca do Afonso logo no primeiro dia. Parecia um Açu amazonense:
 
Nossa dupla deu sorte com a escolha/sorteio do Guia/Piloteiro. O Edio era profundo conhecedor da manha dos bocudos e nos propiciou uma excelente pescaria. Até o dia 17, véspera do retorno já havíamos capturado 60 exemplares. Fechamos nossa quota com 74 Tucunarés, a maioria liberados, o que nos proporcionou o Troféu de 1º Lugar na quantidade de peixes. O troféu de maiores exemplares ficou com a dupla Sergio e Renato.
 
 
Utilizamos a modalidade de rodada, espera e corrico, além de pinchamento com iscas artificiais.
 Exploramos também o lançamento junto a tocos e galhadas, e a pesca associada entre a isca artificial do piloteiro, o qual irritava o bicho no fundo com o barulho da isca e nossos lambaris vivos, que ele dava de cara quando vinha conferir  na meia agua.  É bem eficaz.
 
O ataque de piranhas se fez presente todo o tempo e em todos os lugares que exploramos. Aprendemos  que qualquer roçada de piranha em nossa isca natural deve ter como reação imediata, o recolhimento e a troca da isca, do contrario estaremos sempre criando uma rota de sangue proveniente da isca ferida,  ao longo de todo o itinerário. Desta forma  ela  será perseguida por todas as piranhas da área  onde o barco  for, tornando inviável a pescaria. Portanto não adianta ficar tentando com mais um   pedacinho de lambari para economizar isca.
 
Nos locais percorridos havia também muita gigoga, camalote, iguapé ou outro nome de vegetação aquática nativa  qualquer, além dos traiçoeiros "enroscos", contumazes engolidores  de farto material  de pescaria.
 
Durante todo o  tempo,  sol a pino na cabeça  e vez ou outra, ameaça de tempestade, o que provocava  imediatamente em todos os piloteiros intensa inquietação.
 
A maioria das equipes realizou também boas pescarias. Como sempre os peixes fugitivos eram justamente os ma iores do dia.....O critério de soltar vários exemplares de vez em quando foi observado por todas as equipes.
 
                                           
Afonso e eu aprendemos e passamos momentos muito engraçados em razão da experiência  e do falar  do Piloteiro Edio. Por varias vezes seu comportamento nos lembrava nosso amigo e sempre preferido  piloteiro do Pantanal , o Fernando :" Olha o toco, óia o toco, joga, não jogou, perdeu.....". "Não ferra forte, só de mansinho, deixa o peixe saborear a isca, senão ele abre a boca e solta, e se ele tiver cárie então....". "Trabalha só com a pontinha da vara. É prá artista, é prá artista...." " Bateu, roçou na isca, não veio , colhe, colhe depressa, senão vira rastro de piranha..."." Viu o bitelo, viu o bitelo??? "  Era o que mais nós ouvíamos.
 
 Muito interessante também observar os hábitos da população ribeirinha. Casais, e ás vezes famílias inteiras acampadas ou usando grandes  guarda-sóis, pescando com varas de bambu, Pacus CD, Piau, Piapara e  Piracanjuba. Tudo para sustento próprio, ou venda de porta em porta.  
 
Senhoras bem mais idosas com água pela cintura, catavam, com peneiras,  o Camarão Pitu pequeno, junto a vegetação, seja para consumo direto, seja para pescarem o Tucunaré. Em determinados momentos fazem lanços com os pequenos Camarões e no meio vai o mortal anzol. Vimos vários Tucunarés sendo pescados assim.
 
 Vimos também em grande quantidade, enormes Tanques Redes, para a criação de Tilápias  dentro do próprio Rio Paraná.
 
 Outro equipamento que também chamou nossa atenção foram os inúmeros flutuantes construídos sobre barris de plástico fechados, a maioria com guarda-corpo e bancos de madeira, amarrados nas margens do Rio Paraná e Verde,  e que são utilizados pelas famílias de Pauliceia e Panorama, cidade vizinha, para,  após realizada a ceva com mandioca e milho triturados ou não, , pescarem principalmente  a Piapara e o  Piau.
 
 
 
Foi interessante também recordar que a Barragem do Rio Paraná, na altura de 3 Lagoas, permite a criação da Usina Elétrica de Jupiá que fornece energia para o Sul brasileiro.
 
E assim chegou o dia mais detestado pelos pescadores, o último. Todos pescaram bem. Os que pescaram menos, como sempre, foram aquinhoados com um reforço por parte dos mais afortunados. O único que se machucou durante as atividades de pescaria foi o Jorginho,  que teve a coluna travada em uma manobra mais afoita, após ferrar um Tucunaré azul mais do que gigante. Mas após alguns  anti-inflamatórios, e umas ações de colheita de saborosas mangas, frutas abundantes na região, o valoroso Jorginho  ficou pronto para outra.   
 
 Na última noite a direção da Pousada nos ofereceu um ótimo churrasco, ocasião em que as histórias de pescador vararam a noite paulista,  quase mato-grossense.
   E assim encerramos nossa narrativa  da aventura pesqueira  na Pauliceia não desvairada. Um abraço e até a próxima.
 
 
 




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Viva o Tiradentes !!!!

Hoje, 22 Abr , um dia após a data magna destinada a Nação, inclusive com feriado nacional,  para agradecer  ao  Mártir da Independência Brasileira, Joaquim José da Silva Xavier, por sua postura de herói,  por ocasião da Inconfidência Mineira, movimento  que deu origem ao amalgamento do sentimento cívico nacional,  que anos pós desembocaria  em nossa Independência , venho por questão de justiça, abordar o tema sob viés corporativo (sadio).

É que, não é de hoje, mas enfocarei apena o dia de ontem , após observar atentamente todas as matérias subsidiarias, (tendo em vista que a principal, que seria a homenagem das Policias Militares , de quem é o Patrono, não mais tem lugar em nosso Estado), produzidas pelos Órgãos de Comunicação Social, os quais enquadravam a figura de Tiradentes como possuidor de varias profissões e executor de não menos cabedal pleno de  varias atividades , inclusive a de revolucionário, não encontrei uma única menção a sua profissão principal.

Sim,  senhores, de  fato Tiradentes era um dinâmico desempenhador de inúmeros papeis ( hoje, talvez se denominassem "bicos"), os quais exercia com regularidade, quais sejam: Odontólogo Prático; Guia e Segurança de Comboios  de Tropa, normalmente no Caminho Real de Minas Gerais para o Estado do Rio de Janeiro  e a Corte; Pratico de Farmácia;  Minerador; Revolucionário Ativo; Destruidor de Corações; Cliente Assíduo dos Escritórios de Agiotagem da Época),  etc...

Mas sua efetiva e oficial profissão era PPPPMMMM. Sim, porque, Tiradentes  era Alferes ( hoje seria Aspirante/ Praça Especial) da Gloriosa Cavalaria de Milícia ( a época , milícia não tinha conceito pejorativo ) de Minas Gerais, portanto a hoje  Policia  Militar do Estado de Minas Gerais. E portanto, repetindo,  Tiradentes era ASPIRANTE da POLICIA MILITAR do ESTADO de MINAS GERAIS.



Fundamental ratificar : Joaquim José da Silva Xavier, Herói Nacional, Patrono Cívico da Nação Brasileira, Patrono de todas as Policias Militares e Civis do Brasil, Líder Inconteste, e por isso enforcado, esquartejado, salgado ( não só seu corpo, como seu terreno, sua casa e a de todos seus familiares, tendo ainda seus restos mortais - braços, pernas, ombros, pés, cabeça,  estaqueados e submetidos a  mostra pública até que apodrecessem e/ou   devorados fossem pelos abutres), do Movimento de Libertação Nacional, denominado historicamente Inconfidência Mineira, era PM. Sim, embora , conforme Autos da Devassa, Tiradentes fosse um " homem bronco, feio, assustado", mas era PM, e ESTE TROFÉU HISTORICO NENHUMA PM DO BRASIL TEM O DIREITO DE ABRIR MÃO.

Aliás, não é de hoje que os vultos históricos da PM são apagados,  dolosamente ou não, da consciência do povo brasileiro. Para finalizar cito a seguir alguns Policiais Militares que gravaram seus nomes na historia nacional:

. Presidente Juscelino Kubitschek. Era Coronel  PM Médico  da PM  de Minas;

. Sargento Max Wolff, Herói da Infantaria Brasileira na 2ª Guerra Mundial ( Itália) e Patrono da ESA ( Escola de Sargentos das Armas ) do Exercito Brasileiro. Era 3º Sargento PM da Policia Militar do Distrito Federal, comissionado 2 º Sgt do Exercito por ocasião da 2 ª Guerra;

. Álvaro Lazarine, Desembargador por São Paulo e respeitado Catedrático de Direito a nível Nacional. Era Oficial da PM de São Paulo;

.Walter Peracchi Barcelos, Ministro do Trabalho e Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Era Coronel da PM do RGS;

. Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa, um dos lideres da Coluna Prestes, e posteriormente promovido a  General de Brigada por sua participação na Revolução de 30. Era Oficial Superior da Força Publica de São Paulo, uma das organizações que deram origem a Policia Militar  daquele Estado..

E outros, e outros.

PS- Hoje, tenho minhas dúvidas se a brutal pena acessória sobre Tiradentes não o teria sido pelo fato, não dele ser um revolucionário, mas sim, por ser um PM.....





segunda-feira, 20 de abril de 2015

E a " CANÇÃO MEDIEVAL" ganhou o mundo.

ESCANINHO DE RECORDAÇÕES

" A Cezar o que é de Cezar "

Tenho observado ao longo do tempo que a poesia intitulada " Canção Medieval" tem sido citada e/ou  escrita "in totum"  em seguidos momentos e locais diversos, alguns dos quais  registro,  após superficial pesquisa,  para fundamentar a presente intervenção, e que seguem abaixo:

1. Blog do Cel PMERJ  Esteves, no ano de 2007, a título de mensagem;

2. Blog do Odir Cunha, no ano de 2012, em comentário atribuído a Leonardo Henrique Peixe Cabeça. Apenas transcreve;

3. Blog Vale Quase Tudo, ano de 2012. Apenas transcreve;

4. Blog A Verdade Sufocada, ano de 2012, inserção atribuída ao Gen Bda Ref Arsênio Souza da Costa. Publica paráfrase do General;

5. Blog do TERNUMA, sem data, publicando paráfrase atribuída ao Gen Arsênio Souza da Costa;

6. Blog Mulher na Policia, em 2014. Apenas transcreve;

7. Face book do Cel PMERJ Mario Sérgio, no ano de 2014. Apenas transcreve;

8. Livro intitulado " Entre a caserna e a rua: o dilema do 'pato' ", de autoria do Cel PMERJ Robson, o qual transcreve o poema sob a indicação " Considerações preliminares sobre o simbolismos da espada" e diz que o mesmo se encontra emoldurado num quadro que decora a sala do Cmt do BOPE;

Assim, como o "poema de cavalaria" está ganhando mundo, tenho por obrigação contar a narrativa de sua real origem, pelo menos sob meu ponto de vista, até mesmo porque , segundo uma mensagem, também medieval, intitulada "VERDADE", e apresentada como "SABEDORIA ANTIGA":  Calar de si mesmo, é humildade. Calar os defeitos alheios,  é caridade. Calar palavras inúteis, é penitencia. Calar nos momentos oportunos, é prudência. Calar na dor, é heroísmo. Calar a verdade é omissão.

 Corria o ano de 1973. Era Tenente da PM do antigo Estado do Rio de Janeiro. Cumpria missão no Serviço Estadual  de Informações e Contra- Informações (SEICI), orgânico do Gabinete Militar do Governo do Estado. Era Chefe do Gabinete o Ten Cel PMRJ Marinel de Souza Carvalho e Governador o Dep Federal Raymundo Padilha.

Em uma de minhas idas oficiais  a Sede do Governo, no Palácio do Ingá, passava na ante sala do Governador, quando o Cap Guerra (Cel PMRJ Sylvio Carlos Guerra), chamou-me e apresentou-me a um senhor de estatura mediana, cabelos grisalhos e olhar muito vivo,  que seria o próximo a ser introduzido no Gabinete do Governador. Era o poeta e jornalista paulista Nóbrega de Siqueira. O Cap Guerra com seu jeitão  desembaraçado, amigo e comunicativo, sem perder a estética militar que o caracterizava, apresentou-me: "Este,  Dr Nóbrega, é o Tenente Wilton, primeiro colocado na EsFO ( Escola de Formação de Oficiais) , no curso de Guerra na Selva, no CIGS ( Centro de Instrução de Guerra na Selva ), ( nesse caso , equivocou-se,   embora bem colocado, não fora o primeiro no cômputo geral. Havia sido o primeiro entre os Oficiais Policiais Militares ), e em todos os Cursos que fez até agora. É um orgulho para nossa Policia Militar, etc, etc..".O Sr.  Nóbrega olhou-me,  puxou um apanhado de papel em seu bolso do paletó, destacou um, e passou às minhas mãos, seguido das palavras que, creio serem parecidas com essas:  "Leia Tenente, ficaria feliz se o senhor gostasse deste poema". Logo a seguir acompanhado do Cap Guerra, adentrou o Gabinete do Governador. Nunca mais o vi.

Ao chegar a minha sala de trabalho no centro de Niterói, fui olhar o papel e lá estava uma cópia xerox,  de um pequeno poema intitulado " CANTIGA MEDIEVAL", encimado pelo nome do que julguei ser o autor " NÓBREGA DE SIQUEIRA " e datado ao final - Niterói, 8 de abril de 1973.

O poema era uma pequenina "bomba", no tocante ao teor explosivo e inflamável. Uma caracterização estupenda do sentimento de honra,  que deve revestir integralmente o arcabouço moral  de um militar,  que incorpore em sua jornada diária o verdadeiro espirito de missão e de lealdade pessoal e institucional. Lia e relia. Decorei-o rapidamente. Recitá-lo sozinho me fazia um grande bem.  Este reduzido pedaço de papel passou a me acompanhar em meus guardados. A infinidade de mudanças domesticas e profissionais não me levaram a perde-lo.

Até que em 1993, já como Tenente Coronel, por questões de foro intimo me vi compelido a retirá-lo do "baú" e transcreve-lo na publicação  de minha Ordem do Dia de passagem traumática do Comando do  Batalhão de Operações Policiais Especiais, do qual tenho orgulho de ter sido  um dos fundadores. Lá está o poema de Nóbrega de Siqueira, no último Boletim Interno assinado por mim no  Comando do BOPE.

Passados alguns dias de minha saída do Batalhão , recebi um pedido de autorização do Cap Penteado, Oficial P/4 ( Oficial de Logística ) do BOPE, o qual pretendia confeccionar quadros em tamanho grande com o teor  da "CANTIGA MEDIEVAL" e coloca-lo no Gabinete do Comandante e da P/4 ( Seção de Logística )  da Unidade. Autorizei pró forma , não tinha mais autoridade para isso. Soube posteriormente que tal desejo foi realizado.

Vida que segue. Dois anos após,  em 1995, outro Governo, outra administração na área da segurança  pública  , encontrava-me comandando, por convite do Cel PMERJ Dorasil , Cmt Geral,  o Batalhão Berço da Nação Treme Terra, o Bataleão, o 12º BPM, quando, abruptamente,  deixa o cargo  o General Bda Euclimar Lima da Silva,  Secretario de Segurança Pública , em momento tempestuoso.   Logo após o fato sou procurado pelo meu amigo de Caserna, o Cel Lenine Freitas da Silva. ( nossa amizade fora forjada e fortalecida pelos longos três anos de EsFO). Me dizia o Cel Lenine que os companheiros mais próximos do Gen,  queriam lhe fazer uma última homenagem,  tendo em vista  sua exoneração, e sabedores que eu tinha um texto bem compatível com aquele momento,  queriam transcreve-lo em um grande quadro e oferta-lo ao substituído. Tal foi feito,  e lá  foi  a "CANTIGA MEDIEVAL" cumprir sua honrosa missão mais uma vez.

Foi a última vez que soube de sua utilização de forma oficial. Ainda bem.

Alguns dados sobre o Poeta Nóbrega de Siqueira:

. Seu nome completo era Samuel Nóbrega de Siqueira, nascido em São Paulo em 1905;

. Foi poeta, crítico teatral, escritor   e jornalista, tendo trabalhado no Jornal O Povo,  de São Paulo;

. Escreveu os livros Terras roxas, Cartas da terra e do homem, Canto do Brasil novo;  Memorias do Almirante Jaceguay,  Poemas de amor, Sanhaços.

. Recebeu o título honorifico de Cidadão Niteroiense, pela Resolução nº 582 de 23 Mar 1970, da Câmara Municipal.


Para finalizar, segue o original (cópia xerox ), na forma como se encontra , após acompanhar-me em inúmeras e intermináveis jornadas por longos 42 anos :









Obs1- Este pequenino papel prossegue guardado em meus salvados de "guerra".


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          



Obs 2- Esta é a copia que foi aumentada e emoldurada compondo  os quadros colocados nas instalações do BOPE, em 1993.







Obs 3- E finalmente,                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   esta foi a  cópia que ao ser aumentada,  foi também  emoldurada para ofertar ao Gen  que havia deixado a Secretaria de Segurança Pública em 1995.



















































































































































































































                                                                                               

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Chamamento aos Coroneis, ou a Tropa não merece isso.


Há muitos e muitos anos,  não sentia tal mal estar em razão de assistir a  reportagem sobre as atuais condições de nossa Tropa. No inicio me assustei comigo mesmo. O que era que eu estava sentindo  após concentrar-me nas cenas  do Fantástico de hoje, dia 5 Abr 2015??
Não era raiva, já não mais a possuo, não era indignação, ainda a possuo, mas tal sentimento não perpassava nas minhas veias naquele momento. O intenso desconforto não cessava, pelo contrário aumentava. Resolvi sair e caminhar. Longa caminhada. Cabeça completamente aérea, um pouquinho de arritmia, estremecia meu coração. Continuava caminhando.
Até, que descobri. Estava chorando. A principio,  econômicas lágrimas. Com o prosseguir da caminhada meio sem rumo, no entanto, comecei a chorar muito. Sozinho, aéreo, na rua e chorando muito. Terrível. Que diabo de Onça é essa, martelava minha cabeça, Onça não chora.... Foi então, que identifiquei o sentimento que estava causando tal estado emocional. Era uma caudalosa abordagem de tristeza. Era uma profunda, úmida, pegajosa e brutal tristeza que , não me recordo ao longo da minha longa vida, já ter sentido antes.  Estava aniquilado pelo sentimento de derrota, com a pergunta que não calava em minha cabeça e já saindo a boca no caminhar solitário. Onde errei ? Onde minha geração de Chefes errou ?? Não, não creio que tenhamos errado tanto  na formação, através do exemplo,  de nosso futuros líderes. Pelo menos nunca na historia de nossa gloriosa PM me recordo de tal tratamento de abandono, em tal dimensão e período, a nossa Tropa.

O vento frio da trilha e o silencio reinante me reconduziram a melhor estado. O sentimento de tristeza permanecia mas a cabeça já voltava a racionar pragmaticamente. Pensei ouvir sons confusos de grilhões, correntes, talins e espadas sendo usadas em treino castrense. Atribuí a desconforto de antepassados que tomados de igual tristeza, por terem visto as cenas da televisão,  deveriam estar se remexendo em suas tumbas. Coisa de Vidigal e Castrioto, quiça,  Assunção, Caxias, Brito ou Pardal.
 Foi então que decidi fazer este chamamento a nossos Coronéis. Por favor Senhores.  Não façam mais isso, não continuem a tratar nossa Tropa dessa maneira.  Ela não merece.  Ela é o elo mais importante de um corpo que se necessita sadio para cumprir uma das mais nobres e difíceis missões da face da terra. Ela é o sustentáculo permanente e diuturno a defender o último bastião entre a lei, a ordem e a barbárie. Ela é a mão fardada e armada da governabilidade.  Não rasguem e joguem na lama dos interesses  dissonantes de nossa formação, nossos Manuais de Chefia e Liderança. O respeito mútuo é fundamental para a perpetuação do viver castrense. Nossos princípios, valores  e crenças que alicerçam   nossas sagradas virtudes, devem continuar a serem clausulas pétreas. Em razão disso é que  estamos fazendo 206 anos mês vindouro.

Corporação é corpo, e corpo é composto de cabeça, tronco e membros. Não tenham nenhuma ilusão, se os membros, Cabos e Soldados e o tronco Sargentos e Subtenentes adoecerem , seja moralmente , seja fisicamente, por abandono logístico  e/ou perda do espírito e sentido de missão, o resultado será muito mais grave do que simples estatísticas.  A cabeça , os Senhores também perecerão. E com os Senhores, toda a principal edificação da segurança pública de nosso Estado, a bicentenária  Instituição Policia Militar. Ela  ruirá,  e com ela toda a  sociedade como assim nós conhecemos.

  A Tropa não quer incompatíveis  condições materiais,  nem mirabolantes e vazios de mérito planos de carreira. A tropa quer é  ser tratada com dignidade e ter certeza a cada instante que está lutando e  dando sua vida, se necessário for, por uma causa justa.


Tenho certeza que minha tristeza passará, e ruídos de corrente, talins e espadas não mais serão ouvidos nas longas madrugadas de uma sobrenatural jornada de POG. Confio nos Senhores. Aliás,  a Tropa também , mas está  faltando" UU" provar a ela, afinal, na vida militar, o óbvio deve ser repetido e praticado  sempre.  
 .